segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O argumento "Fala Vs. Escrita"

Em minhas pesquisas deparei-me com inúmeros argumentos favoráveis à educação domiciliar. Alguns são profundos, outros nem tanto...
Mas um, em especial me chamou a atenção. Inclusive, quando tenho que explicar minhas motivações para pesquisar sobre o homeschooling, esse é o exemplo que parece trazer mais clareza sobre o potencial dessa modalidade de educação.
Vamos ao pensamento:


Na prática, o que seria mais difícil: um bebê aprender a falar ou uma criança mais (que sabe falar) aprender a escrever?


Se analisarmos com imparcialidade, a lógica - bem como a neurologia - nos dirá que seria mais difícil o bebê aprender a falar... Afinal, para isso, o sujeito precisa desenvolver uma série de capacidades bastante complexas. Até aqui, parece não haver qualquer equívoco...
Porém, a contradição surge quando constatamos que não mandamos os bebês para a escola com o fim de aprenderem a falar, mas levamos as crianças maiores para essas instituições para que aprendam a escrever!
Como um bebê consegue desenvolver uma habilidade tão complexa quanto a fala sem que um tutor lhe instrua com uma didática apropriada, fundamentada em teorias elaboradas e com a utilização de metodologias bem pensadas e estruturadas?
Simples: o ser humano está "programado" para aprender. Desde o nascimento de nosso primeiro neurônio estamos aprendendo... E isso é natural. Por isso, o simples fato de um bebê estar em um ambiente falante, recebendo estímulos para falar, faz com que o mesmo fale.
Simples assim...
Quanto à escrita, tiramos a criança do conforto de seu lar, a levamos para um local estranho (escola), a inserimos em um grupo social desconhecido (sala de aula), instituímos uma figura de autoridade que ela não reconhece (professor) e exigimos que ela aprenda algo que parece não fazer qualquer sentido (escrever).
Não é de se admirar que as crianças tenham tanta dificuldade para aprender a ler e escrever e que passem a odiar o contexto escolar!
Mas claro: considero que há exceções... não quero ser injusto neste sentido. Entretanto, em geral, a regra é que as crianças tendem a não gostar de ir à escola.
Um dos grandes problemas da educação institucionalizada é que ela torna artificial algo que deveria ser natural: o aprendizado.
É claro que o simples fato de ensinar uma criança em casa não garante o aprendizado... Mas, pelo menos, possibilita que a educação sistematizada faça parte do dia-a-dia da criança, de seu cotidiano. Se os pais escrevem, inserem a escrita no cotidiano da criança e estimulam o desenvolvimento dessa habilidade, com certeza o sujeito vai desenvolver essa competência com alegria e com muito mais facilidade – assim como acontece com a fala.
Neste sentido, quando contrastamos a fala e a escrita, torna-se bastante explícito que desenvolver o processo de ensino-aprendizagem de forma natural – em um ambiente em que a criança sinta-se segura (lar), rodeada de sujeitos que conhece e têm como referência (família) e por intermédio de figuras de autoridade que reconhece (pais) – é muito mais eficiente do que tentar realizar a mesma tarefa através de um processo artificial.
O ensino domiciliar, como podemos ver, não é meramente uma modalidade de educação, mas uma possibilidade para instruir nossos filhos de uma forma natural e, consequentemente, mais eficiente.

Qualificando o título

O título deste blog não foi escolhido em vão...
Considerando que o tema geral abordado e discutido neste espaço será a Educação Domiciliar, poder-se-ia imaginar que o título óbvio para o blog seria "homeschooling", ou "Educação Domiciliar".
Pois bem... os referidos nomes não foram utilizados por dois motivos: primeiramente, já havia outros blogs utilizando títulos iguais ou bastante semelhantes; em segundo lugar, creio que o caráter que diferencia este espaço de outros direcionados ao homeschooling é, justamente, a ideia de que instruir os filhos em casa tem como uma de suas grandes vantagens possibilitar que a construção do conhecimento elaborado se dê no dia-a-dia da criança, tornando-se, assim, parte de seu cotidiano e ocorrendo de forma natural.
Não pretendo entrar, neste momento, em discussões mais aprofundadas sobre o que considero natural ou não-natural. Quero, tão somente, expor que instruir as crianças no seio da família pode fazer com que a formação acadêmica se torne uma parte da vida do sujeito que não precisa ser imposta ou forçada, mas que ocorrerá naturalmente, seguindo o curso da existência sem grandes choques ou rupturas.
No futuro poderemos discutir e refletir bem mais sobre isso... Porém, para o momento, gostaria de agradecer a você que está dedicando alguns minutos para ler estas postagens, e lhe convidar para participar desta discussão. Seja você a favor ou contra a o ensino doméstico, peço que, ao menos, reflita sobre os argumentos relativos a esse assunto e colabore com suas análises. Seja você um doutor ou uma dona de casa, sua contribuição será muito bem-vinda – e, considero eu, grandemente necessária.
Creio que o homeschooling não deve ser descartado ou “engolido” por todos... Mas deve ser discutido. E você, ou melhor, todos nós somos a chave para que essa discussão ocorra da forma mais ampla e significativa possível...
Seja bem-vindo!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O que é "Educação Domiciliar"?


Para evitar equívocos ou mal-entendidos, gostaríamos de deixar claro o que entendemos por “Educação Domiciliar”.


A “Educação Domiciliar” não é...
…um método de ensino;
…a utilização de um material didático específico;
…a prática de tirar uma criança da escola;
…uma ideologia/filosofia fechada.


Todos esses elementos, de uma forma ou de outra, fazem parte da educação domiciliar. Mas, a ED em si não se resume a qualquer desses pontos.

O que é a “Educação Domiciliar”
A ED é uma modalidade de educação. Essa modalidade possui duas características específicas que a distinguem de outras (como a educação escolar e a educação à distância):


1. Os principais direcionadores e responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem são os pais do educando (aluno);

2. A educação não ocorre em uma instituição, mas no seio da própria família (no lar, na vizinhança, em passeios, etc.).

Dentro dessas características, podem haver inúmeras variações relacionadas a: material didático, rotina, sequenciação de conteúdo, atividades, avaliação, etc.

Equivalentes e Variações
Ensino Doméstico – termo utilizado em Portugal para se referir à ED
Homeschooling – termo utilizados nos EUA para se referir à ED – é a expressão internacionalmente utilizada para se referir a essa modalidade
Unschooling – termo utilizado, inicialmente, para se referir à “desescolarização”, ou seja, ao processo de transição da educação escolar para a domiciliar (cf. obra de John Holt). Atualmente, também se refere a uma variação da ED na qual se busca instruir os filhos eliminando qualquer referência à realidade escolar (grade curricular, planos de aula, avaliação sistematizada, etc.)

Outros nomes dados à ED:
  • Ensino em casa
  • Educação no lar
  • Escola em casa
  • Educação doméstica
  • Educação não-institucional
  • Educação familiar
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